Erradicação de escolas e moradias precárias: Produção do espaço como pedagogia colonial
DOI:
https://doi.org/10.48160/22504001er29.513Palavras-chave:
Políticas públicas, habitat rural, colonialidade, produção do espaçoResumo
Este artigo examina a relação entre a erradicação das escolas e habitações rurais tradicionais na Argentina e sua função como dispositivo pedagógico colonial na produção do espaço. São analisados três marcos recentes da história argentina com o objetivo de contribuir para uma genealogia desse dispositivo: o Programa de Expansão e Melhoria da Educação Rural, desenvolvido durante a última ditadura cívico-militar na Argentina; o alcance do Pacto Federal da Educação em relação às escolas rurais, promulgado em 1994; e o alcance do Plano de Substituição de Habitações Precárias e Erradicação da Doença de Chagas, implementado em Córdoba entre 2009 e 2019.
Seguindo a perspectiva de Henri Lefebvre, são examinadas as dimensões do espaço concebido, percebido e vivido, onde o Estado e o mercado impõem suas influências na configuração do espaço. Além disso, é introduzido o conceito de "dispositivo", de acordo com Foucault e Deleuze, como uma ferramenta fundamental para entender como a produção do espaço atua como um processo de ensino e transmissão de valores coloniais. A colonialidade é abordada como uma matriz que influencia a regulamentação, normalização e produção de "verdades" sobre territórios e comunidades, estabelecendo uma pedagogia que reforça a marginalização de grupos específicos.
Em resumo, este artigo destaca como essas políticas de erradicação e substituição de arquiteturas vernaculares fazem parte de um dispositivo pedagógico colonial que impacta na percepção e no uso do espaço rural, desafiando práticas e conhecimentos locais.